sexta-feira, 28 de maio de 2010

Memórias

Durante esta semana fui trabalhando com meus alunos as origens de tudo que diz respeito a cidade que moramos: a origem da palavra município, o porquê do nome da cidade, os motivos pelos quais eles moram em São Leopoldo, a nascente do nosso rio e a hipótese provável do nome. Foi preciso pesquisa deles com seus familiares e minha na parte mais histórica.Tudo transformou-se em conhecimento. Primeiro oral e depois escrito, em forma de livro, relatos, cartazes.
E durante estas explorações pedi que trouxessem coisas de quando eles eram bem pequenos. Foram fotos, roupas de batizados, brinquedos... atrás disso lembranças, memórias. Quando perguntei se lembravam de alguma música que alguém cantava para eles, uma aluna lembrou de Nana nenê, bastou para ser uma evocação de memória coletiva e todos começaram a cantar . A alegria estava presente em cada um que relatava algum fato de sua vida, amparado em algo concreto.
Segundo Simone Santos "As memórias sacramentam a existência e o pertencimento a determinado grupo, com seus rituais, seus costumes, seus credos, sua etnia própria. Somos mais ou menos prestigiados conforme a "quantidade de memória" produzida, registrada."
REFERÊNCIA
SANTOS, Simone Valdete dos. Memórias e identidades.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O desafio de formar leitores

Logo que comecei a trabalhar com meus alunos senti que eles tinham determinada aversão a leitura, principalmente se fosse cópia passada no quadro. Mas notei que os livrinhos do meu acervo pessoal faziam muito sucesso. Jornal Sininho, que uso muito, também demonstrou uma fonte interessante de leitura. Comecei a reservar momentos especiais para a leitura, não como uma atividade quando sobra um tempinho, mas como atividade principal. Um dia só folheamos jornal, aprendendo a conhecer as muitas partes que ele tem: notícias, tempo, classificados, horoscópo...
Outro dia lemos só poesias, e até arriscaram a fazer algumas rimas. Textos sempre variados: conto, poesia, lenda... e aos poucos fui percebendo que eles tornaram-se leitores. Só me dei conta quando resolvi fazer um texto sequenciado esta semana intitulado "A grande novidade". Seriam três dias de trabalho: no primeiro eles copiariam dois parágrafos, no segundo dia seria contado por mim e última parte, receberiam em folha xerocada. Não deu para ser assim. A curiosidade foi tanta que no primeiro dia, eles copiaram e pediram que por favor eu contasse o que era a novidade. Contei a segunda parte, a curiosidade continuou, mas agora teriam que esperar a próxima aula para saber o fim. Quando chegou a aula de sexta, fui logo cobrada se havia trazido o fim da história. Disse que sim e senti a avidez com que "devoraram" a parte final do texto. Comentei que passei na biblioteca e que estava deixando alguns livrinhos com poesias de Elias José, autor do texto, no fundo da sala, quem desejasse estava á disposição. E os livrinhos circularam a aula toda, entre uma atividade e outra.
A leitura deixou de ser algo sem sentido, tornou-se desafiadora e interessante, um caminho para conquistar a autonomia.


REFERÊNCIA

MELENDES, Maria Fernanda; SILVA, Rovilson José. A Formação de Leitor no Ensino Fundamental: Os Parâmetros Curriculares Nacionais e o Cotidiano das Escolas.
Revista Eletrônica de Educação. Ano II, No. 03, ago./dez. 2008.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Origens X Preconceito

Marilene Leal Paré, ao fazer sua dissertação de mestrado, realizou pesquisas com alunos de escola públicas, com grande contingente de negros e localização urbana. Sua entrevista tinha como pergunta como é que o aluno se sentia sendo negro na escola. De cada entrevista a autora foi criando textos literários e a partir daí surgiram as dimensões que agrupou em conteúdos significativos: as essências. A primeira essência foi a discriminação, na escola reflexo dos preconceitos na sociedade brasileira. Estou desenvolvendo com meus alunos uma pesquisa sobre a vida deles. Numa entrevista que fizeram com os pais, havia uma pergunta sobre o que eles sabiam sobre suas origens e seus antepassados. Quatro alunos responderam esta questão (índio, português, alemão e italiano) e os outros? Não falaram. Chamou a atenção quando uma aluna baixou a cabeça. Comecei a pensar em como fazer para falarmos sobre preconceito racial. Pedi que entrevistassem pessoas da família respondendo a seguinte pergunta: o que é mais importante o sol ou a sombra? Tabulamos as respostas e colocamos em debate. Finalmente vimos que não existe o mais importante. Lemos entrevistas de crianças falando sobre preconceitos. Alguns comentaram sobre coisas desagradáveis que já ouviram sobre sua aparência. Outro que quando reprovou foi chamado de burro por um parente...enfim foi um momento de desabafo. Trouxe um palestrante membro do DIMPPIR, que passou o filme "Vista a minha pele" e depois conversou com as crianças: sobre discriminação e preconceito racial. Eles ficaram bem atentos, significando o momento.
REFERÊNCIA
PARÉ, Marilene Leal. Auto-imagem e Auto-estima na Criança Negra: Um olhar sobre o seu desempenho escolar. Dissertação de Mestrado, PUC, Porto Alegre, 2000.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Conceitos e histórias de vidas

Tenho realizado atividades que envolvem localização, espaço e tempo, pois trabalhando com uma turma de quarto ano, são conceitos necessários, para conseguir compreender um pouco sobre o município que moram. Segundo Bergamaschi "Para realizar tal estudo, que envolva uma complexidade de conceitos e tempos e espaços diferentes, nada melhor do que partir da própria vida dos alunos e seus familiares: propor uma pesquisa com o propósito de investigar se todos nasceram no município onde moram hoje, inclusive os pais e mães, avôs e outros familiares."
Aproveitando o tema da dia das mães, solicitei aos alunos uma entrevista com elas. Um dos itens era nome da cidade natal. Com uma pergunta desta ao coletar os resultados descobrimos 4 estados diferentes e 11 cidades gaúchas. Depois aproveitamos a aula de informática para cada um conhecer um pouco das cidades das mães, ver sua localização, a paisagem natural e um pouco da história da cidade, este trabalho foi em dupla para que interagissem e trocassem informações. Então fizemos o registro escrito no livrinho que estamos montando, sobre o que aprendeu da cidade natal das mães, lembrando a importância da escrita: anotando não esquece.

REFERÊNCIA

BERGAMASCHI, Maria Aparecida. Do acaso à intenção em Estudos Sociais.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O blog e a escrita

Na semana passada foi a primeira vez que os meus alunos postaram no blog. O objetivo é que exista uma troca entre eles e os alunos do outro quarto ano. Combinamos que um grupo posta o outro lê , comenta e faz nova postagem, pretendemos fazer uma postagem por semana. É preciso então um planejamento do que querem escrever. Sabem que além dos colegas, qualquer pessoa pode ler, isto exige clareza no que querem dizer. Depois que organizam sua escrita, a leitura é feita para os colegas, que dizem se conseguiram compreender, se não faltou nada. Efetivamente estão realizando uma prática social de leitura e escrita.
Enquanto observa um grupo de alunas organizando sua escrita, pude perceber a interferência do próprio grupo sobre a escrita uns dos outros. Lendo e corrigindo, as vezes me chamando apenas para confirmar. Nesta atividade o escrever tornou-se um ato significativo, dentro contexto do uso da linguagem.
" São as diferentes formas de oralidade, leitura e escrita, que se agregam ou substituem as anteriores, possibilitando outras aprendizagens, outros tipos de produção e recepção de conhecimen­tos; " (Trindade,2002)
REFERÊNCIA

TRINDADE, Dalla Zen. A leitura, a escrita e a oralidade como artefatos culturais, 2002.