A interdisciplina de EJA, está sendo uma das poucas em que estou estudando teorias sem ter experiência na prática. Sempre tive curiosidades de saber como acontecia a alfabetização de adultos, pois imaginava que não poderia ser da mesma maneira como acontece das crianças em escola regular. Percebi que as colegas que começam a trabalhar com a alfabetização de adultos, ficam muito apaixonadas por este trabalho, ás vezes relatam emocionadas as dificuldades destes alunos em adaptar-se á escola. A leitura do texto de Marta Kohl:"Jovens e adultos como sujeitos de conhecimentos e aprendizagem", faz um mapeamento de quem são estes alunos. Diferenciando que Jovens e adultos de EJA, não são como pessoas que buscam uma formação universitária ou aperfeiçoamento numa área de interesse. Carregam as características de não-crianças, excluídos da escola, membros de determinados grupos culturais ( em oposição ás classes médias e aos grupos dominantes). Possuem experiências, conhecimentos acumulados, em situações de aprendizagens trazem diferentes habilidades pela etapa da vida em que se encontram, mas também outras dificuldades em comparação com a criança. A escola funciona com base em regras específicas, aprendidas por aqueles que nela estão envolvidos. A compreensão desta mecânica por vezes pode ser um obstáculo maior que os conteúdos, como seguir instruções por escrito. O adulto está inserido no mundo do trabalho, sem qualificação, com baixa remuneração e estes fatores socioeconômicos impedem um aproveitamento maior nos estudos. É claro que a escola, precisa estar atenta a esta clientela com características tão diferenciada, pois os currículos escolares foram elaborados para oferecer uma educação para crianças e adolescentes que seguiram seus estudos de forma regular, atrelando etapas de desenv olvimento com o desconhecimento de conteúdos. Jovens e adultos podem ser colocados em situações inadequadas para o desenvolvimento do processo real de aprendizagem. Paulo Freire ao pensar na alfabetização de adultos queria também encontrar uma forma de valorizar a cultura que o aluno traz e para tanto foi mentor da proposta pedagógica por temas geradores. Entretanto não é um simples método de palavras-sílabas-novas palavras. Para fazer sentido a palavra deve ser vista dentro de um contexto e principalmente que o educando se conscientize de sua situação de oprimido, como classe desfavorecida, e aja em favor da sua libertação.
Trabalhar com a proposta de tema geradores de Paulo Freire é pensar na identidade do aluno adulto, é trabalhar conteúdos sem que estes sejam a verdade absoluta, é estabelecer as relações entre a aprendizagem da escola e a da vida, enfim é alfabetizar e letrar considerando as diferentes culturas e acima de tudo exige a postura de diálogo do educador com seus educandos. Este é um semestre em que tenho sentido muito forte a interdisciplinaridade, pois as leituras da EJA, foi complememtada com os estudos da proposta de temas geradores de Paulo Freire na interdisciplina de didática.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, Set./Out./Nove./Dez. 1999, n. 12, p. 59-73
FREIRE, Paulo. A dialogicidade – essência da educação como prática da liberdade. In: _____. Pedagogia do Oprimido. 40ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. p.89-101.
Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência