Marilene Leal Paré, ao fazer sua dissertação de mestrado, realizou pesquisas com alunos de escola públicas, com grande contingente de negros e localização urbana. Sua entrevista tinha como pergunta como é que o aluno se sentia sendo negro na escola. De cada entrevista a autora foi criando textos literários e a partir daí surgiram as dimensões que agrupou em conteúdos significativos: as essências. A primeira essência foi a discriminação, na escola reflexo dos preconceitos na sociedade brasileira. Estou desenvolvendo com meus alunos uma pesquisa sobre a vida deles. Numa entrevista que fizeram com os pais, havia uma pergunta sobre o que eles sabiam sobre suas origens e seus antepassados. Quatro alunos responderam esta questão (índio, português, alemão e italiano) e os outros? Não falaram. Chamou a atenção quando uma aluna baixou a cabeça. Comecei a pensar em como fazer para falarmos sobre preconceito racial. Pedi que entrevistassem pessoas da família respondendo a seguinte pergunta: o que é mais importante o sol ou a sombra? Tabulamos as respostas e colocamos em debate. Finalmente vimos que não existe o mais importante. Lemos entrevistas de crianças falando sobre preconceitos. Alguns comentaram sobre coisas desagradáveis que já ouviram sobre sua aparência. Outro que quando reprovou foi chamado de burro por um parente...enfim foi um momento de desabafo. Trouxe um palestrante membro do DIMPPIR, que passou o filme "Vista a minha pele" e depois conversou com as crianças: sobre discriminação e preconceito racial. Eles ficaram bem atentos, significando o momento.
REFERÊNCIA
PARÉ, Marilene Leal. Auto-imagem e Auto-estima na Criança Negra: Um olhar sobre o seu desempenho escolar. Dissertação de Mestrado, PUC, Porto Alegre, 2000.
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